
Agora que as férias chegaram e o tempo livre é maior, os jovens estão indo à praia, caindo na balada, curtindo um barzinho... Mas além da vida social a que todos nós temos direito, esse tempo livre pode ser usado para fazer várias outras coisas como, por exemplo, ler bons livros. Eu que sempre amei ler desde criança resolvi dedicar algum espaço para falar de literatura aqui no meu blog. A geração que como eu foi criança nos anos 90 e hoje está na casa dos 20 anos leu os livros da saga Harry Potter e estes tiveram um papel muito importante para desenvolver o hábito da leitura. Hoje em dia as sagas de livros dedicados aos jovens são inúmeras, séries como Crepúsculo e Percy Jackson são muito populares e embora muitos não gostem, não se podem negar que elas estão ajudando a formar novos leitores. Ler é muito importante para adquirir cultura e complementar o vocabulário, e mesmo que seu filho só leia livros "fúteis para adolescentes" como reclamam alguns pais, ao menos ele adquiriu o hábito de ler e logo logo pode estar devorando os bons clássicos da literatura!
Vou comentar alguns dos meus livros favoritos e também livros muito bons que tenha lido recentemente. Como leio bastante desde crianças, claro que são muitos, vou falar aqui apenas de alguns que tenham significado algo especial para mim. Não falarei da saga Harry Potter, que marcou minha infância e adolescência, pois todos conhecem e provavelmente leram ao menos um dos livros, falarei de livros importantes para mim, alguns clássicos que todos lemos no colégio e alguns mais recentes ou não que são dignos de nota.
"A Ladeira da Saudade", de Ganymédes José (1983).

No ensino médio, esse livro foi passado como paradidático. Os livros paradidáticos, geralmente clássicos da literatura nacional, são o pesadelo de muitos alunos, especialmente os menos chegados a leitura. Mas esse livro me marcou de tal modo que já o li e reli diversas vezes ao longo dos anos sem nunca deixar de me encantar. Marília, ou Lília, é uma jovem romântica e sonhadora, ela tem uma relação difícil com a mãe, que é muito esnobe e interesseira, por isso decide passar um tempo morando com a avó em Ouro Preto. Além de encantar-se com a cidade (e os encantos de Ouro Preto são ricamente detalhados), ela logo se apaixona por Dirceu, um amante do teatro, e os dois vivem um lindo romance. Claro que a mãe de Lília não vai gostar nada disso e os dois namorados vão ter que enfrentar o preconceito para ficarem juntos.
"Senhora", de José de Alencar (1875).

A escrita de José de Alencar é bastante detalhista e por isso pode ser difícil e até mesmo monótona em certos momentos, eu mesmo até hoje não consegui terminar O Guarani, embora tenha tentado diversas vezes. Mas a história de Senhora é fascinante, pois mostra a hipocrisia que sempre esteve presente na sociedade, além de mostrar uma protagonista firme e decidida, que não era a típica mocinha submissa e boba. Após ficar rica, Aurélia Camargo resolve se vingar do homem que antes a desprezara por sua baixa condição social. O que um dia foi amor puro e verdadeiro se transformou em ódio e Aurélia faz de tudo para humilhar o homem que um dia venerou. Uma das obras mais famosas de José de Alencar, que inclusive foi adaptada para a televisão.
"Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada, Prostituída..." (1978)

Kai Hermann e Horst Rieck recolheram depoimentos da adolescente Christiane que deram origem a este livro. A história real de uma menina que se envolveu muito cedo com drogas pesadas, viu seus amigos morrerem, passou por diversas clínicas de desintoxicação e chegou a ser presa é chocante e brutal, mostrando como o prazer que se sente no início do vício logo é substituído por tensão, desespero e loucura. Para sustentar seu vício, Christiane chegou ao ponto de roubar e se prostituir, e seu relacionamento com um rapaz também viciado, apesar de sincero, era destrutivo. Infelizmente, após todos esses anos, histórias como as de Christiane F continuam a se repetir em todo o mundo, sem fazer distinção de idade, sexo ou classe social.
"100 Escovadas Antes de ir Para a Cama", de Melissa Panarello (2003).

Um livro impactante. Melissa relata as diversas experiências amorosas e sexuais que viveu em sua adolescência. Sempre em busca do verdadeiro e puro amor, ela envolveu-se com diversos tipos de pessoas (homens e mulheres) de maneira passional, pessoal e, sim, sexual. Em sua jornada sofreu diversas decepções, mas estas apenas a tornaram mais forte e decidida. O livro foi adaptado para o cinema, mas o filme é infinitamente inferior e medíocre, e nem merece menção.
"Veronika Decide Morrer", de Paulo Coelho (1998).

Muitas pessoas torcem o nariz para o escritor Paulo Coelho, mas como este é o único livro dele que li até hoje, não tenho uma opnião formada. Na verdade, só tomei conhecimento deste livro quando descobri que seria adaptado para o cinema e estrelado por Sarah Michelle Gellar, uma das minhas atrizes favoritas. Bateu a curiosidade e resolvi dar uma chance. Claro que o texto tem as suas falhas (como a decisão no mínimo equivocada do autor de se incluir na história), mas estas não apagam os méritos: é um livro interessante que trata da melancolia e da loucura, assuntos que o autor - que já foi antes internado em um hospício - conhece bem. Entediada com sua vida, Veronika decide se suicidar. Quando acorda, descobre que está internada em um manicômio e que tem pouco tempo de vida. Verônika passa então a repensar sua existência e ainda vive uma bela história de amor com um dos considerados "loucos". Não importa o que você ouviu sobre Paulo Coelho, vale a pena dar uma chance a este livro. Ah, e sobre o filme, ele também é muito bom e merece ser conferido. Pode parecer exagero, mas a história de Verônika mudou o modo como eu vejo a minha própria vida.
Bem, por enquanto é só. A parte II desse post será decicada a livros mais "leves" dedicados aos jovens, mas também falarei de alguns mais pesados e "adultos". Até logo e Feliz Natal e Ano-Novo!